Les Misérables
Autor(a):
Victor Hugo
Origem:
França
Tradução:
Frederico Ozanam Pessoa de Barros
Editora:
Cosacnaify
Ano de publicação:
1862
1862
Nunca amei tanto um livro e demorei tanto para terminá-lo.
Só para constar, ainda não terminei. Mas ele está sem sombra de dúvida entre os
melhores que já li na minha vida. Se existiu alguém de descrever uma emoção,
uma sensação ou a mente de um homem, este alguém é Victor Hugo. Em Os
Miseráveis, ele mostrará que a luta que ele travou contra sua família pelo seu
sonho nas letras valeu a pena, pois imortalizará seu nome.
O livro começará com uma descrição detalhada do ser Bienvenu
Myriel, bispo de Digne, um homem idoso tão puro, bom e justo que pode ser
considerado um santo. Diferente de qualquer clérigo, Sr. Myriel visa a
simplicidade e encontra beleza e bondade em qualquer lugar. Não sou nem de
longe a poderosa escritora que Victor Hugo foi, portanto o máximo que posso
fazer é dar uma silhueta da personalidade, da mente e da alma deste bom homem
que influenciará o grilheta Jean Valjean.
Em uma França cheia de fome e frio, Jean Valjean, apesar de
seu trabalho como jardineiro, vê-se forçado a roubar pão para alimentar sua
irmã e seus sobrinhos, mas é pego e levado para trabalhar por cinco anos nas
galés: um lugar tenebroso, que transforma o ser humano em um ser obscuro e
desconfiado, como se roubasse sua alma e deixasse apenas o corpo como uma casca
oca. Valjean tenta fugir várias vezes, mas é pego em todas, precisando cumprir
dezenove anos. Ele se destaca nas galés pela força descomunal, o que poderá
trazer alguns problemas futuros. Quando enfim cumpre sua pena, Jean Valjean
fica marcado para sempre como antigo grilheta, o que impede que ele arranje um
emprego e possa matar sua fome.
Ele vaga sem um destino, até chegar a Digne, onde é rechaçado
como em todos os outros lugares por todas as pessoas, até mesmo pelo cachorro.
É quando ele encontra o bispo, que, com toda a sua bondade e luz, acolhe
Valjean, alimenta-o e deixa-o dormir sob seu teto. Valjean, por outro lado,
durante a noite, resolve fugir com a prataria do bispo, mas é pego e levado à
presença de Myriel.
Porém, para a surpresa de todos, o bispo diz que a prataria
é um presente para Valjean, desde que ele use-a para o bem de sua alma. É com
este gesto que Valjean sofre uma extraordinária
mudança em seu interior. Assim como seu benfeitor, Valjean irá buscar a beleza,
a bondade e a pureza das coisas a partir da esperança que Bienvenu lhe deu.
Já em outro ponto da história, anos depois, seremos
apresentados a Fantine, uma linda e virginal jovem apaixonada por Tholomyès,
jovem da elite francesa que, assim como todos os rapazes de sua idade, dá um
alto valor à diversão e prazer. Ele é líder de um grupo de quatro jovens, todos
estudantes, e que se divertem com algumas jovens costureiras pelos jardins e
parques de Paris. Tholomyés vê sua relação com Fantine como apenas um “namorico”
qualquer, enquanto a moça se entrega de corpo e alma a ele, fazendo todas as
suas vontades. Esta sujeição causa grandes dores para Fantine quando, em uma
brincadeira dos rapazes, ela se vê sozinha e com uma filha.
Como era mãe solteira, Fantine está com seu nome manchado e
precisa deixar a cidade para conseguir um emprego e poder sobreviver. Porém sua
filha Eufrásia, apelidada e conhecida como Cosette, poderá atrapalhar na busca
pelo trabalho e Fantine não consegue sustentar ambas.
Um dia, vendo uma mãe brincar com suas duas filhas bebes,
Fantine decide deixar Cosette aos cuidados da mulher, prometendo mandar
dinheiro para as despesas e roupas, desde que Cosette seja bem tratada e
alimentada. A mulher concorda e Fantine parte para Montreuil-sur-Mer, cidade
onde ela nascera. Porém, enquanto Fantine decaia, sua terra prosperava com a
indústria de miçangas cujo sucesso devia-se a um estranho viajante e sua
esperteza. Este viajante era um homem muito bom e em pouco tempo tornou-se Maire da cidade, sendo admirado e
respeitado por todos. Seu nome era Madeleine.
Porém, há sempre alguém que nos olha atravessado. Madeleine
é alvo de desconfiança de Javert, inspetor de polícia, que vê no misterioso Maire muitas semelhanças com um antigo
grilheta de força hercúlea que sumiu muitos anos atrás. Bem, acho que não será
nenhum spoiler contar que Madeleine na verdade é nosso Valjean e Javert estava
certo em desconfiar dele. Porém, meu caro leitor, não tome Javert como um
inimigo: ele é apenas um homem dotado de honra e senso de dever acima do comum.
Portanto ele seguira Valjean até o Inferno se este for seu dever.
Mas Valjean tem seus próprios deveres, como ajudar Fantine
que caiu em tremenda desgraça e está muito doente (os promenores da vida de
Fantine são fantásticos. O desespero e os infortúnios pelo qual ela passa
levariam qualquer outro ao suicídio. E este seria sua escolha se ela não
tivesse Cosette esperando-a). O último desejo de Fantine é ver sua filha e Valjean
se dispõe a ir.
Contudo, outras adversidades se sobrepõem e Valjean tem que
escolher entre seu senso de dever para com uma mulher a beira da morte e seu
senso de justiça para com um homem que será julgado injustamente em seu lugar. A
crise e a batalha interior que Valjean trava pode ser um pouco maçante, pois
levam longos capítulos para terminarem, mas como eu disse Victor Hugo tem um
poder descritivo impressionante.
Os fatos se desenrolam e Valjean acaba indo resgatar
Cosette. A pobre menina, antes tão bonita, agora é apenas ossos tremendo de
frio e dor, pois a mulher que prometeu cuidar da menina na verdade é um monstro,
assim como seu marido. Os Thénardier são a pior raça de malfeitores e oportunistas
que se pode ter ideia, aproveitando-se de qualquer desleixo para roubar e
ganhar às custas dos outros.
O momento em que Cosette é apresentada sofrendo nas mãos dos
Thénardier pode levar qualquer um às lágrimas. Não duvido que muitas crianças passam
pelos abusos de pessoas como eles, o que só aumentou minha indignação e aflição.
Por outro lado, a pequena humilhação que Valjean
(disfarçado) inflige àqueles seres dos esgotos satisfaz quem se incomodou com a
situação.
Mas Valjean precisa ser um pouco mais rápido para fugir de
Javert que se aproxima e leva Cosette dos Thénardier. Ele encontrará abrigo
graças à sua benevolência e poderá enfim sumir, dando uma vida descente à
Cosette e aproveitar o que resta de sua vida.
Outros anos se passam e partimos para a parte mais
interessante do livro quando somos apresentamos para o último personagem deste
volume: Marius Pontmercy. Como diz nas notas de rodapé, Victor Hugo se inspirou
muito em si mesmo para criar Marius, principalmente em relação à falta de apoio
da família. Marius é neto um homem rico, mas o que ele busca está além do
alcance do dinheiro: ele procura uma razão para si mesmo. Ele encontrará seu
porto seguro no falecido pai, um herói de Waterloo, mas todas as suas
convicções são postas à prova quando ele entra em um grupo de jovens revolucionários
que se denomina amigos do ABC. Marius também tem uma grande dívida deixada pelo
seu pai: agradecer a um estranho homem chamado Thérnadier que salvou a vida
dele em Waterloo. Na verdade, Thérnadier roubava Pontmercy, julgando-o morto, e
acaba por salva-lo acidentalmente.
Por falar neles, os Thérnadier se mudaram para Paris depois
de perder sua pousada e estão todos alojados sob o nome de Jondrette em um
único quarto e, coincidentemente, o quarto ao lado pertence a Marius.
Em um passeio por um jardim, Marius avista uma bonita jovem
e seu pai velho... Deixemos os mistérios de lado, a jovem era Cosette e
Valjean. Apesar de viver aprisionado no escuro de sua mente, Marius se apaixona
por Cosette, apesar de nem mesmo saber seu nome ou nunca ter trocado uma
palavra com ela. O mais curioso é o sentimento ser recíproco.
Contudo, Thénardier não é homem que se esquece de seus
velhos inimigos. Valjean está na lista. Quando por uma infelicidade do destino
os dois se encontram, Thénardier cria um diabólico plano para vingar-se, que
envolve Cosette. Enquanto escuta atrás da parede, Marius descobre a verdadeira
identidade de Thénardier e fica entre cumprir sua promessa que fez ao pai e
salvar a mulher que ama.
Vale lembrar ainda um personagem que pouco aparece, mas que
eu tenho certeza que aparecerá no próximo volume: Gavroche, o filho mais novo
dos Thénardier. Ele é mostrado como um exemplo de menino de rua, que pode ser a
definição perfeita das ruas de Paris.
Bem, além do romance, o livro também tratará a relação
política na França pós-revolução. Os grupos ainda são bem distintos e hostis
uns aos outros, mas nenhum consegue salvar o povo francês que afunda na fome. Eu,
como sou ligada mais à ficção e ao romance, não dei o devido valor a esta parte
da história, mas tenho certeza que você, que adora sociologia ou história, vai
simplesmente “pirar”. Não podemos esquecer ainda a descrição absurdamente linda
da batalha de Waterloo. Se você tem alguma dúvida quanto ao que foi, não terá
mais, pois saberá dos pormenores.
Victor Hugo, como eu já disse, tem um talento especial para
a descrição e criação. Não há dúvidas ou furos em sua história. Como eu já
deixei bem clara minha opinião sobre o livro, o autor e a narrativa, não vou me
estender. Esta foi uma resenha para recomeçar o blog com chave de ouro! Xerus!
6 comentários:
Como sempre uma boa resenha,parabéns!!!
O que dizer desse livro? Nada, absolutamente maravilhoso, lindo, complexo, tudo!
Voltou com tudo, afilhadinha!
Beijo!
Fê
olá tem selinhoo pra vc no blog !!!!
da um click lá
rsrs
http://perdidanashistorias.blogspot.com.br/
Por que você foi falar nesse livro? Eu já estava quase superando o fato de não tê-lo aqui na minha estante, rsrsrs. É o livro que eu mais cobiço, não a adaptação, mas a versão integral.. Parabéns, a resenha ficou ótima!
Adorei o seu blog, já estou seguindo!
O meu ainda ta no inicio, se quiser passar la depois, deixar sua opinião, sugestão, ficaria muito agradecido!
Abraços!
http://pecasdeoito.blogspot.com.br/
Eu li uma vez um livro tipo resumo de Os miseráveis, eu tenho muita vontade de ler a obra completa, é uma história muito emocionante...
http://entreversoseparagrafos.blogspot.com.br/
eu queria ler esse livro, porém tenho que admitir que estou com um pouco de preguiça para lê-lo. rsrs
http://perdidanashistorias.blogspot.com.br/
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