domingo, 14 de outubro de 2012

Senhora, de José de Alencar


capa do livro "Senhora"
Título Original:
Senhora
Autor(a):
José de Alencar
Origem:
Brasil
Tradução:
*livro nacional*
Editora:
Martin Claret
Ano de publicação:
1875


Para quem gosta de um bom romance e de histórias nacionais, este é o livro indicado. Sem toda a “pegação” dos romances atuais, é uma relação de amor e ódio entre os dois protagonistas, Aurélia Camargo e Fernando Seixas, que critica a sociedade mesquinha e avarenta da época com o tempero dos ultrarromânticos. No início pode parecer um pouco cansativo ou confuso por não estarmos acostumados com este tipo de escrita, mas depois de entrar no ritmo, torna-se uma leitura fácil e atraente.
Aurélia morava apenas com a mãe que era tudo o que lhe restara de família quando conheceu Seixas. Seu pai morrera há muito tempo, porém sua mãe foi deixada na amargura já que o sogro nunca reconhecera o casamento dela com seu filho. Aurélia também tivera um irmão – burro e fraco – que morrera de pneumonia, por isso Aurélia via-se obrigada a sustentar a ela e sua mãe doente de tristeza, porém nem mesmo sua inteligência aguçada era capaz de tirá-las da pobreza. Entretanto, Aurélia tinha uma beleza fora do comum que poderia muito bem ser aproveitada para arranjar um bom casamento com algum homem rico. Portanto, por insistência de sua mãe, Aurélia todos os dias postava-se na janela para atrair os abutres pretendentes. Não demorou muito para que a bela garota começasse a atrair homens de toda a parte do Rio de Janeiro que vinham lhe declarar amor eterno.
E um dos homens que um dia surgiu sob a sua janela foi Seixas, arrastado pelos amigos. Seixas também vinha de uma família pobre de uma mãe e duas moças que davam o sangue para satisfazer os caprichos do único homem da família. Fernando queria ascender socialmente, independente do preço que tivesse que pagar por isso.
Entretanto, por um breve período, ele esqueceu-se de seu objetivo e deixou-se ser consumido por um amor sem igual por Aurélia. Chegaram a marcar o casamento, por um golpe bem planejado de um rival, Seixas lembra-se de seu propósito e rompe o noivado para marcar com outra mulher, mais rica e bem vista.
Obviamente que este fato irá quebrar o pobre coração de Aurélia, que criará um profundo rancor e asco contra aquele que a desiludiu, mas ela arranjará um modo de vingar-se quando seu avô, pai de seu pai, que era contrário ao casamento desde último com sua mãe, surge um belo dia na humildade sala de Aurélia, dizendo que faria dela sua herdeira universal.
 Aurélia torna-se uma das mulheres mais ricas do Rio de Janeiro, porém, apesar de ser capaz de cuidar de si mesma, “precisava de um marido, traste indispensável às mulheres honestas”. Surge então uma ideia em sua cabeça: comprar um marido. E quem melhor para ser comprado do que aquele que a dispensou e se vendeu?
Exato. Aurélia compra Seixas para seu marido e está disposta a humilha-lo dia e noite para vingar seu coração partido.
Romantismo puro não? Sou bem suspeita para elogiar este livro, mas ele é simplesmente lindo... Porém decepcionante. Já disse que aqui não há resumos de livros, porém eu preciso contar o final para justificar minha opinião: Seixas consegue reunir a soma pelo qual foi comprado e devolve o dinheiro à Aurélia, dizendo que agora não são mais casados. Ela, entretanto, ajoelha-se aos seus pés e implora para que ele não vá e que ambos fiquem juntos. Nesta parte, meu estômago se revirou: Seixas abandona Aurélia na rua da amargura, tenta se casar com outra e é Aurélia quem pede perdão? Isto foi o cúmulo do ultraje. Eu, feminista até as células, recriminei esta atitude. Quem devia ajoelhar-se e pedir perdão era Seixas, tão egoísta e materialista! Porém, esta deveria ser a atitude esperada por uma mulher do século XIX. Cada detalhe desta narrativa me foi inspiradora e emocionante, mas o final me chateou. Por este motivo, Senhora não entrou nos meus Tops. Desculpem-me os fãs de José de Alencar, eu adorei o livro, mas este final vai contra os meus princípios.

P.S.: ainda assim, vale a pena ler. Xerus e até o próximo livro.

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