quinta-feira, 29 de março de 2012

Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida

Capa "Memórias de um Sargento de Milícias"
Título Original:
Memórias de um Sargento de Milícias
Autor(a):
Manuel Antônio de Almeida
Origem:
Brasil
Tradução:
*livro nacional*
Editora:
Globo
Ano:
1852



Atendendo aos pedidos, hoje falarei sobre o livro “Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel Antônio de Almeida, passado pelo meu professor de literatura como livro obrigatório. Detalhe: a prova é amanhã (rs). 

Ambientado no Rio de Janeiro do século XIX, “no tempo do rei” (fazendo referência à época em que a família imperial fugiu para o Brasil) será narrada a história de Leonardo e, apesar de se chamar “memórias de um sargento de milícias”, o narrador não é o protagonista. 

A história começara contando como seus pais, Leonardo-Pataca e Mariazinha, se conheceram em um navio que ida de Portugal para o Brasil. Depois de algumas “pisadelas e beliscões”, nasce Leonardo. 
Interrompendo um pouco a história, queria chamar a atenção do leitor para o modo como o autor escreve: muitas vezes (na verdade, no livro inteiro), ele corta um evento, explica outro, volta para aquele evento, corta de novo... E por ai vai. No começo, é muito exaustivo e confuso, o que faz com que muitos parem de ler, mas depois você irá se acostumar... 
Voltando à história, depois do nascimento de Leonardo, é decidido quem será sua madrinha: não pode ser ninguém menos do que a parteira, a comadre de toda a cidade. A mulher, que de boba não tem nem a cara, convence Mariazinha a chamar como padrinho um barbeiro que ela desconfia guardar alguma fortuna. Apesar de Leonardo-Pataca querer como padrinho de seu filho o major Vidigal (grande major... o major era o grande chefe de policia que representa a ordem no Rio de Janeiro. Era o terror das ruas), cede à vontade de sua esposa, já que tem um fraco por mulheres. Atenção! Guarde estas duas personagens (o compadre e a comadre, pois serão cruciais para a história)! 
Decididos os padrinhos, partamos para a festa de batizado! Querendo que o evento fosse memorável, Leonardo-Pataca tenta algo semelhante às festas das cortes, mas falha absurdamente: o povo brasileiro não está acostumado com esta disciplina toda e, depois de algum tempo, os convidados trocam a elegância por uma boa algazarra, com muita música e farra (até o próprio Leonardo-Pataca chega a tocar uma modinha). Esta festa, como todas as outras que serão narradas, são apenas uma amostra do costume da época (e uma amostra de que brasileiros gosta de bagunça desde que se lembram por nação). 
Mas nem tudo se manteve em festa: quando Leonardo ainda era bem pequeno, Leonardo-Pataca descobriu que Mariazinha andava de “pisadelas e beliscões” com outros homens. Um dia, Leonardo-Pataca chega em casa mais cedo e vê um homem fugir pela janela. A briga é tão feia que até mesmo o Leonardinho é ferido: seu pai dá-lhe um chute que o faz atravessar a sala. Desesperado, o menino corre até a barbearia de seu padrinho e fica agarrado em suas pernas até que o compadre vá á casa de Leonardo-Pataca e descubra tudo o que aconteceu. O desfecho foi cruel para nosso protagonista: Mariazinha foge com um capitão de um navio e Leonardo-Pataca, completamente humilhado, se esquece do próprio filho e se joga na vida. 
Quem cuidará agora de Leonardinho será seu padrinho, o barbeiro. Este faz grandes planos em relação ao menino: sonha em torná-lo clérigo (para quem não sabe o que é clérigo, são sacerdotes, pessoas envolvidas com a religião). Mas coitado do padrinho, Leonardo não nascera para esta vida... Era desobediente, rebelde, odiava regras e odiava ainda mais que o obrigassem a cumpri-las. Era um “endiabrado”, nas palavras de sua vizinha fofoqueira. Seu padrinho até tentara colocá-lo na escola, mas foi em vão. Leonardo desistiu. 
Atenção para a figura da escola: segundo o autor, a escola ficava em uma rua estreita, era um ambiente escuro e alunos de todas as idades ficavam em uma mesma sala. E ainda assim, somente quem tinha dinheiro, estudava na escola. Estranho não? 
Leonardo simplesmente não tinha jeito: um dia, fugira com dois ciganos para uma festa e só voltara no dia seguinte; começara a frequentar uma igreja apenas para fazer travessuras com um amigo, mas fora expulso depois de pregar uma peça com o padre (o padre tinha um caso amoroso com uma cigana e dormia na casa dela. No dia de uma cerimônia, Leonardo trocara os horários para que o padre chegasse atrasado e todos ficassem muito desconfiados dele); empacara nas letras, apesar de todos os esforços de sua madrinha para fazê-lo aprender a ler. E o compadre ainda sonhava que ele seria clérigo e mais: ainda iria para Coimbra, a grande universidade portuguesa! 
Mas hei que Leonardo cresceu. Durante sua infância e adolescência, seu padrinho lavava-o para visitar uma amiga dele: D. Maria. Durante muito tempo, as visitas eram tediosas e irritantes, mas um fato mudou tudo: a sobrinha de D.Maria, Luizinha, passaria a morar com a tia. Bem... Já dá para saber o que aconteceu: foi o primeiro amor de Leonardo. Ajudado pela sua madrinha, Leonardo está decidido a se casar com Luizinha, mas chega um rival em potencial: Joaquim Manoel, um homem traiçoeiro que está de olho na fortuna que D.Maria irá deixar para Luizinha depois de sua morte. 
Deixando um pouco Leonardo e lado, partimos para o pai dele. Leonardo-Pataca andava “enrabichado” por uma cigana, mas a mulher tinha um caso amoroso com o padre (o mesmo padre que expulsara Leonardinho pela brincadeira na cerimônia). Visando separá-la de seu par, Leonardo arma uma cilada para o padre: em uma festa da cigana, onde o padre estaria, Leonardo contra o negro Chico-Juca para armar uma briga, o que atrairia a atenção do major Vidigal, o grande chefe de policia que representa a ordem no Rio de Janeiro, para o local. No final da festa, o padre foi preso e todos ficaram sabendo de seu pecado (foi a fofoca do ano). Leonardo-Pataca então consegue o que queria: a cigana. Mas depois de um tempo, ele se separa dela e se casa com a filha (ou a sobrinha, pois no livro ela foi apresentada dos dois jeitos, não há como saber o que ela realmente é) da comadre. 
Voltando ao Leonardo, um fato muito triste ocorrera: o compadre morrera. Como suspeitava a comadre, ele mantinha um dinheiro guardado (dinheiro que ele desviara de um capitão para o qual trabalhara durante uma viagem. O capitão pedira ao compadre para entregar o dinheiro para sua filha, mas o compadre...). Sem para ter onde ir, Leonardo vai morar com seu pai, já casado com a filha da comadre. Infelizmente, esta e Leonardinho não se bicavam. 
Um dia, em uma briga por causa de uma almofada, Leonardinho é ameaçado pelo pai com uma arma. Ainda traumatizado pelo chute que levara quando era menino, Leonardinho foge de casa e encontra um velho amigo seu. Junto com este amigo, está Vidinha, uma mulata que “rouba seu coração”. Já completamente esquecido de Luizinha, Leonardo passa muitos dias com a família de Vidinha. 
Entretanto, Vidinha não era apenas o desejo de Leonardo: outros dois primos dela estavam de olho na moça. Completamente enciumados pela aproximação de Leonardo e Vidinha, os dois armam para que Leonardo seja levado pelo major Vidigal, mas não se sabe qual era seu destino: desesperado, Leonardo foge do Vidigal. 
O fato era inédito: pela primeira vez, alguém escapava do major. Seu nome vira motivo de piada, o que fere sua honra. Leonardo agora está na lista do major. 
Depois deste incidente, outro problema surge para Leonardo: ele precisa arrumar um emprego. Porém, com a ajuda de sua madrinha, ele consegue, mas novas confusões: em seu trabalho, há uma bonita moça casada com um homem bem estranho (eu, pessoalmente, não entendi com as descrições do autor, acho que ele queria dizer que o cara era um brutamonte). Com pena da moça, Leonardo leva, na maior inocência, um prato de sopa para casa dela, mas neste momento chega o marido e bota Leonardo para correr. Vidinha, ao saber disso, fica louca de ciúmes e vai até a casa da mulher tirar satisfações. Leonardo tenta impedi-la, mas, enquanto se encaminhava para a casa da moça, é barrado pelo major Vidigal! Ele até tenta fugir, mas o major o impede. A coisa fica feia... 
De repente, Leonardo some. Durante este sumiço, a história é contada a partir da visão de Vidinha. No começo, ela fica preocupada com o destino de nosso protagonista, mas depois passa a raiva e depois a ignorá-lo. O que ela (e nem ninguém) esperava era que Leonardo aparece novamente já de fardo, um soldado! 
Pois bem, major Vidigal fizera de Leonardo um soldado, mas como já sabemos, o homem é “de maus bofes”: sua primeira falha foi em um evento onde devia estar de vigia para estragar uma festança, ele se entrega ao “ritual”. O outro é o mais importante, envolvendo sua própria família: o objetivo do major era pegar um fanfarrão, o Teotônio, que estaria na festa de batizada da filha do Leonardo-Pataca e de sua mulher. Como era da família, Leonardo ficaria de vigia dentro da casa para avisar o major quando o homem sairia, mas, ao ver aquele homem divertindo toda a sua família, Leonardo se arrepende de sua tarefa e conta tudo o que o major Vidigal planejava. Juntos, Teotônio e Leonardo armam um plano para o primeiro fugir e obtêm êxito. 
Mas o major descobre a colaboração de Leonardo no plano depois que um boca-aberta burro vem parabenizar nosso protagonista “pelo seu bom coração e por ter livrado Teotônio das garras do Vidigal”. Ensandecido, o major prende Leonardo e seu castigo será irremediável: chibatadas em praça pública. 
Desesperada, a comadre procurará salvar seu afilhado e para isso contará com D.Maria e uma antiga paixão do Vidigal, Maria Regalada. Depois de algumas negociações (sendo que no final ficaria decidido que o major passaria a morar com a Maria Regalada), Leonardo foi solto. 
Não foi só solto como também promovido à sargento! Estava com a vida feita, mas o Leonardo não se contentou. Tinha um assunto para terminar: Luizinha. 
Durante toda a saga de Leonardo, Luzinha se casara com Joaquim Manoel, mas o homem acabara por morrer antes de D.Maria, deixando a menina viúva. Muito feliz, Leonardo vai até Luizinha e a pede em casamento, mas como um sargento não pode se casar, pede outra promoção ao Vidigal: que o torne sargento de milícias, só assim poderá “juntar-se à sua amada”. O major, que apesar de tudo era muito afeiçoado ao Leonardo, cedeu sem pensar duas vezes. A história termina com Leonardo e Luizinha se casando e Leonardo-Pataca entregando ao filho a herança deixada pelo compadre. 
Apesar de ser contra meus princípios fazer resumos, impedindo que as pessoas leiam os livros, abri uma exceção desta vez para que aqueles que não conseguiram ler os livros tenham uma pequena chance amanhã na prova (mas não acostumem rs). Este romance (porque, apesar de não ser totalmente de amor, ou popularmente conhecido como história de água-com-açúcar, é um romance) tem dois lados: o lado da ordem, onde estão o major Vidigal, D.Maria, a comadre e o compadre, e o lado da desordem, onde ficam Vidinha, Chico-Juca e o Teotônio. O lado da ordem representa a estabilidade enquanto o outro é justamente o contrário, porém a linha que separa os dois é muito fina: o major, por exemplo, deixa-se levar por uma paixão antiga e acaba libertando Leonardo no fim da história. Esta história também é uma grande sátira dos outros romances: enquanto os outros apresentam homem bons e puros, que conquistam o que querem com o próprio esforço, Leonardo é malandro e só consegue o que quer através de seus protetores. Seria esta a ideia de brasileiro de Manoel Antônio de Almeida




4 comentários:

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Oi Gabi!

Como eu te disse, faz tempo que eu li esse livro, mas o ponto forte dele é mesmo a ironia e a sátira dos costumes da época.

Como foi na prova?

Beijos!

Gabi Castro disse...

Oi fefa! Na prova, hj, eu fui muuuuito bem! Pelo menos eu acho... Como meu professor dá a nota pelo o modo que vc respondeu, não posso contar apenas com a resposta certa, mas também com a redação... Mas acho que fui bem sim! rs

Beijos,
Gabi

Fê Falleiro disse...

Oi Gabi!!
Passando pela primeira vez aqui no seu blog e já te seguindo!
Faz tempo que li esse livro e confesso que não lembro quase nada dele (vergonha) é uma ideia encontrar ele por aqui para ler de novo.
Bjos e boa pascoa!!!!

Gabi Castro disse...

Oi Fernanda (reparei que meu blog atrai Fernandas hahahahahaha XD). Seja bem-vinda ao Abrindo os livros...! Espero que goste bastante!

Boa páscoa!

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